Bem-vindos a mais nova coluna do Batmania Rio! Aqui apresentaremos entrevistas com colecionadores e suas respectivas coleções, conhecendo a pessoa por trás do fã! Leia nosso primeiro entrevistado abaixo e espere por mais novidades em breve!
“Eu coleciono histórias, não coleciono peças. Minha coleção faz parte
da minha história, das minhas referências, sobretudo, ligadas ao
Homem-Morcego.”
Alto, com pinta de galã e fala
mansa, Robson Brasil é uma pessoa simples, educada, sonhadora, mas com os pés
no chão. O título de “um dos maiores colecionadores de batmóveis do Brasil” não
veio por acaso e sim por uma paixão comum a todos os colecionistas inveterados,
que dedicam suas vidas à pesquisa e à aquisição de novos itens. No entanto,
mostra-se acima de tudo responsável: “Já
vi colegas passando fome, perdendo casa, por causa de coleção” – lamenta.
Formado em Direito, Robson
trabalha como consultor tributário e adora tentar tocar guitarra (risos).
Segundo ele, o hard rock sempre o atraiu. Em seu vasto acervo, constam também
itens colecionáveis da banda Kiss e de outras do gênero. Dentro do seu novo
apartamento, onde mora há cerca de um ano e meio, divide os cômodos do lar com
suas estimadas peças – que variam entre o universo DC e Marvel, passando pelo maravilhoso
mundo de Hanna-Barbera e por personagens do cinema e de animação.
Ao ser indagado sobre o começo de
tudo, explica: “Foi durante o intervalo
de um namoro, por volta de 1998, em que, certo dia, andando pela feirinha do
MASP, deparei-me com os carros da Gulliver (Capitão América com o Homem-Aranha
/ Homem-de-Ferro com o Hulk). Foi aí que, após a aquisição das peças, resolvi
procurar os outros carros lançados por esta fabricante. Nasci em 1971 e a minha
referência eram os brinquedos da Gulliver, então era como se eu voltasse ao
tempo de minha infância. Como eu sempre fui fã da série da TV e do desenho dos
Super Amigos, tive a ideia de colecionar os batmóveis. Quando assistia ao
seriado, ficava encantado quando via o veículo do Batman saindo da batcaverna.
Eu não lia as HQs, portanto, não conhecia o universo do Batman como os demais
amigos que curtiam os gibis. Também não conhecia a linha Corgi. Carro de ferro,
naquela época, era coisa de valor e distante da minha condição.”
Não há como não se emocionar.
Conhecer a coleção de Robson é um privilégio. É poder curtir o martelo de Thor,
o escudo do Capitão América, a espada de Conan e a máscara de Darth Vader. É
poder acionar os botões de acesso aos batpostes, pelo busto de Shakespeare –
como no seriado Batman da TV. É mergulhar na mais bela ficção.
E mais, entre a estante e a
cristaleira da sala, os armários dos quartos e as inúmeras prateleiras, podemos
ainda encontrar em meio aos bonecos action-figures, hot toys, robots e modelos
em plástico e resina, o Homem de Seis Milhões de Dólares, o He-Man, o James
Bond, os Thundercats e inúmeras memorabilias.
Sua especialidade como
colecionista revela um fato curioso. Aos 6 anos, quando subia as escadas da
casa de uma senhora, que tomava conta de crianças, observou um batmóvel da
Gulliver (1ª série), enterrado no jardim. “Aquilo
chamou a minha atenção, mas infelizmente, na hora de ir embora, eu me esqueci
de pegá-lo. Era o meu destino.”
Além de cultivar uma linha
predominantemente de batmóveis (em torno de 70 modelos e mais de 1.500 peças,
incluídas as repetidas), Robson é conhecido como um dos mais famosos
performáticos do Batman, da clássica série da TV, de 1966. Nas feiras, eventos
e convenções de fã-clubes é chamado, com justiça, de “Adam West brasileiro”. Para ele, trata-se de uma grande
homenagem ao ator que, em sua opinião, mais bem personificou o herói, sendo até
hoje lembrado e respeitado não apenas pelos saudosistas da cult-série, bem como
pelos jovens que o admiram como dublador e pela sua imagem pop. “Eu não tenho uma fantasia. Fantasias, quem
as usa são os palhaços, para propagar gargalhadas com o seu grande trabalho!Tenho
um uniforme, que é o traje que os heróis usam e, neste caso, uma réplica muito
semelhante ao bat-traje, e não participo de concursos de “COSPLAY”, embora
convidado algumas vezes, por julgar que o valor do “COSPLAYER” está na arte da
confecção do próprio traje, e não é o meu caso. Eles são artistas.” – ressalta.
Robson acrescenta que depois de
ter adquirido o bat-traje e conhecido Renato Araújo, colecionador e presidente
do fã-clube Batbase, é que passou a frequentar os eventos devidamente
uniformizado. Sua primeira aparição foi no Shopping Internacional de Guarulhos,
onde teve a oportunidade de ouvir algo inesquecível, um pai dizer para o seu
filho: “Este é o Batman do papai!” A caracterização com o bat-traje
proporcionou sua exposição, o contato com grandes colecionadores e a conquista
de novas amizades. “E como consequência
mais que positiva, além de conhecer o Renato, conhecer também outros amigos
colecionadores ou não, tais como Márcio Escoteiro, maior colecionador do Batman
no Brasil pelos seus estudos aprofundados sobre o herói e peças, que eu
conheço, além do não menos ilustre e também grande admirador da série clássica
do Batman, você, Jorge!” – complementa.
Este é Robson Brasil, que se
define como um homem comum, que já pensou em se casar e ter filhos, mas que no
momento mora sozinho. Que tem fé, sem seguir uma religião específica. De bem
com a vida, que tem problemas como todo mundo, mas que tenta focar na solução
dos problemas. Sente-se confortável
ao admitir que por ser colecionista, em
momentos difíceis, tem na apreciação de suas peças como
se satisfazer. Afinal, “Sucesso é
conseguir aquilo que você quer. E felicidade é gostar daquilo que você tem”,
enfatiza o entrevistado, lembrando ter ouvido esta frase pelo Dr. Lair Ribeiro. E conclui sua participação, de modo
poético: “Eu coleciono histórias, não
coleciono peças. Minha coleção faz parte da minha história, das minhas
referências, sobretudo, ligadas ao Homem-Morcego.”
Jorge Ventura é poeta, ator, jornalista
e publicitário. Autor do livro “Sock! Pow! Crash! – 40 anos da série Batman da
TV!”, foi também um dos redatores do zine Tribuna do Morcego.
Nenhum comentário:
Postar um comentário