sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Fan Zone: Robson Brasil

Bem-vindos a mais nova coluna do Batmania Rio! Aqui apresentaremos entrevistas com colecionadores e suas respectivas coleções, conhecendo a pessoa por trás do fã! Leia nosso primeiro entrevistado abaixo e espere por mais novidades em breve!


“Eu coleciono histórias, não coleciono peças. Minha coleção faz parte da minha história, das minhas referências, sobretudo, ligadas ao Homem-Morcego.”

Alto, com pinta de galã e fala mansa, Robson Brasil é uma pessoa simples, educada, sonhadora, mas com os pés no chão. O título de “um dos maiores colecionadores de batmóveis do Brasil” não veio por acaso e sim por uma paixão comum a todos os colecionistas inveterados, que dedicam suas vidas à pesquisa e à aquisição de novos itens. No entanto, mostra-se acima de tudo responsável: “Já vi colegas passando fome, perdendo casa, por causa de coleção” – lamenta.


Formado em Direito, Robson trabalha como consultor tributário e adora tentar tocar guitarra (risos). Segundo ele, o hard rock sempre o atraiu. Em seu vasto acervo, constam também itens colecionáveis da banda Kiss e de outras do gênero. Dentro do seu novo apartamento, onde mora há cerca de um ano e meio, divide os cômodos do lar com suas estimadas peças – que variam entre o universo DC e Marvel, passando pelo maravilhoso mundo de Hanna-Barbera e por personagens do cinema e de animação.


Ao ser indagado sobre o começo de tudo, explica: “Foi durante o intervalo de um namoro, por volta de 1998, em que, certo dia, andando pela feirinha do MASP, deparei-me com os carros da Gulliver (Capitão América com o Homem-Aranha / Homem-de-Ferro com o Hulk). Foi aí que, após a aquisição das peças, resolvi procurar os outros carros lançados por esta fabricante. Nasci em 1971 e a minha referência eram os brinquedos da Gulliver, então era como se eu voltasse ao tempo de minha infância. Como eu sempre fui fã da série da TV e do desenho dos Super Amigos, tive a ideia de colecionar os batmóveis. Quando assistia ao seriado, ficava encantado quando via o veículo do Batman saindo da batcaverna. Eu não lia as HQs, portanto, não conhecia o universo do Batman como os demais amigos que curtiam os gibis. Também não conhecia a linha Corgi. Carro de ferro, naquela época, era coisa de valor e distante da minha condição.”


Não há como não se emocionar. Conhecer a coleção de Robson é um privilégio. É poder curtir o martelo de Thor, o escudo do Capitão América, a espada de Conan e a máscara de Darth Vader. É poder acionar os botões de acesso aos batpostes, pelo busto de Shakespeare – como no seriado Batman da TV. É mergulhar na mais bela ficção.


E mais, entre a estante e a cristaleira da sala, os armários dos quartos e as inúmeras prateleiras, podemos ainda encontrar em meio aos bonecos action-figures, hot toys, robots e modelos em plástico e resina, o Homem de Seis Milhões de Dólares, o He-Man, o James Bond, os Thundercats e inúmeras memorabilias.


Sua especialidade como colecionista revela um fato curioso. Aos 6 anos, quando subia as escadas da casa de uma senhora, que tomava conta de crianças, observou um batmóvel da Gulliver (1ª série), enterrado no jardim. “Aquilo chamou a minha atenção, mas infelizmente, na hora de ir embora, eu me esqueci de pegá-lo. Era o meu destino.”


Além de cultivar uma linha predominantemente de batmóveis (em torno de 70 modelos e mais de 1.500 peças, incluídas as repetidas), Robson é conhecido como um dos mais famosos performáticos do Batman, da clássica série da TV, de 1966. Nas feiras, eventos e convenções de fã-clubes é chamado, com justiça, de “Adam West brasileiro”. Para ele, trata-se de uma grande homenagem ao ator que, em sua opinião, mais bem personificou o herói, sendo até hoje lembrado e respeitado não apenas pelos saudosistas da cult-série, bem como pelos jovens que o admiram como dublador e pela sua imagem pop. “Eu não tenho uma fantasia. Fantasias, quem as usa são os palhaços, para propagar gargalhadas com o seu grande trabalho!Tenho um uniforme, que é o traje que os heróis usam e, neste caso, uma réplica muito semelhante ao bat-traje, e não participo de concursos de “COSPLAY”, embora convidado algumas vezes, por julgar que o valor do “COSPLAYER” está na arte da confecção do próprio traje, e não é o meu caso. Eles são artistas.” – ressalta.


Robson acrescenta que depois de ter adquirido o bat-traje e conhecido Renato Araújo, colecionador e presidente do fã-clube Batbase, é que passou a frequentar os eventos devidamente uniformizado. Sua primeira aparição foi no Shopping Internacional de Guarulhos, onde teve a oportunidade de ouvir algo inesquecível, um pai dizer para o seu filho: “Este é o Batman do papai!” A caracterização com o bat-traje proporcionou sua exposição, o contato com grandes colecionadores e a conquista de novas amizades. “E como consequência mais que positiva, além de conhecer o Renato, conhecer também outros amigos colecionadores ou não, tais como Márcio Escoteiro, maior colecionador do Batman no Brasil pelos seus estudos aprofundados sobre o herói e peças, que eu conheço, além do não menos ilustre e também grande admirador da série clássica do Batman, você, Jorge!” – complementa.


Este é Robson Brasil, que se define como um homem comum, que já pensou em se casar e ter filhos, mas que no momento mora sozinho. Que tem fé, sem seguir uma religião específica. De bem com a vida, que tem problemas como todo mundo, mas que tenta focar na solução dos problemas. Sente-se confortável ao admitir que por ser colecionista, em momentos difíceis, tem na apreciação de suas peças como se satisfazer. Afinal, “Sucesso é conseguir aquilo que você quer. E felicidade é gostar daquilo que você tem”, enfatiza o entrevistado, lembrando ter ouvido esta frase pelo Dr. Lair Ribeiro. E conclui sua participação, de modo poético: “Eu coleciono histórias, não coleciono peças. Minha coleção faz parte da minha história, das minhas referências, sobretudo, ligadas ao Homem-Morcego.”



Jorge Ventura é poeta, ator, jornalista e publicitário. Autor do livro “Sock! Pow! Crash! – 40 anos da série Batman da TV!”, foi também um dos redatores do zine Tribuna do Morcego.

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