O legado de Tim Burton
Por Paulo Chacon.
Ao ver se aproximar uma nova era
de filmes do morcego, vem a mente o trabalho espetacular do diretor Tim Burton
em seus dois filmes sobre o vigilante de Gotham City. Burton trouxe para o
cinema elementos novos, deu vida a personagens apagados e estabeleceu um padrão
estético para a cidade e os veículos que serve de inspiração até hoje para
outras mídias. E bem verdade que em seus trabalhos ele sempre colocou o herói
em segundo plano e deu destaque aos vilões. As historias de ambos os longas
também deixa a desejar em vários aspectos. Mas os méritos sobrepõem as falhas.
Junto com Danny Elfman, criaram uma trilha sonora épica e inesquecível. Seus
designers de produção, Anton Furst e Bo Welch, deram a Gotham City o verdadeiro
significado de sombrio e decadente. O figurino não deixa a desejar; os trajes
dos vilões e o uniforme do herói são marcantes. A ideia de Batman precisar de
um traje resistente para combater o crime ao invés de um traje colant surgiu
com Tim Burton. Schumacher e Nolan só beberam na fonte. Se você acha que a capa
que plana e o Batmóvel se transformar em outro veiculo são coisas do Nolan,
estão redondamente enganados.
Além desses e outros elementos estéticos,
Burton também inaugurou a publicidade com o logo do personagem; Batman - O Retorno
foi o primeiro filme do herói que sua logotipo foi modificada para atender a
atmosfera do filme. Vai dizer que você não gostou do símbolo do morcego tomado
pela neve? Ali também desenvolveu a publicidade com os vilões, que ganharam
cartazes próprios, algo que nunca havia sido feito antes.
Burton foi infeliz na escolha de
Michael Keaton, embora ele seja um bom ator. Mas provou seu valor artístico: Keaton
só fazia comédias e ao ganhar o capuz do morcego nos deu um Batman trágico e
sombrio. Ele leva a sério o papel que desempenha. Seu Batman realmente é perturbado.
O acerto indiscutível vem com os vilões: Coringa e Mulher-gato são brilhantes.
Pinguim, apesar de sofrer mudanças drásticas na sua personalidade, foi
apresentado pela primeira vez com um vilão temido e respeitado. Longe das
versões cômicas do seriado e das HQs.
Muito se pode falar do trabalho
de Tim Burton. Seus erros e seus acertos, as polemicas e o tom pesado de seus
filmes (em especial o segundo, que fez a Warner rever todo seus planos com o
personagem) mas não se pode negar uma coisa: em uma época que os heróis no
cinema não eram levados a sério, Burton foi original e ousado.
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