sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Analisando Zack Snyder 2.0

Por Diogo Oliveira. Esta matéria foi feita primeiramente para o Uarevaa, mas agora ela sofre atualizações de temas e a inserção de dois filmes: ‘Sucker Punch’ e ‘Man of Steel’.


Bem, antes que comece: sou muito fã do cara, e minha intenção aqui vai alem de falar das cenas de slow motion ou (não) dizer que ele é visionário, uma classificação genérica de Hollywood que virou chacota entre fanboys por causa da adaptação de Watchmen, filme do qual já falei, e muito, anteriormente. Mas numa Hollywood que cada dia é mais complicado vermos criações originais nas telas (apesar de que no fundo amamos ver certas franquias na telona), Snyder se sobressai com obras não só ricas visualmente, mas possuem certos pontos em comum que mostram o estilo e temas que o diretor gosta de abordar,e faz isso muito bem, obrigado, e digo além, o torna o Sam Peckimpah Nerd.

Alem do fato de trazer certas historias e gêneros de volta a ativa, não só ajudando a tornar as adaptações em quadrinhos mais adultas mas também como um dos responsáveis pelo BOOM dos zumbis nesta ultima década, tirando até George Romero da aposentadoria. Um diretor que, como a maioria de sua geração, é influenciada não só pelos filmes, mas por toda uma bagagem de cultura pop constantemente crescente, além de uma noção artística forte, mas sem esquecer a historia. Agora siga abaixo para ver os pontos tratados nos filmes dele, e fique de olho quando a sequencia de ‘Man of Steel’ com o Batman sair.

Slow Motioooooooooooooon

Uma das marcas mais reconhecíveis do diretor é o slow motion. Como ele foi durante boa parte da sua carreira um diretor de comercias, então esse é um recurso que funcionava para a TV. Mas no cinema é que ela teve sua utilização expandida, e em cada filme com um motivo diferente. No 'Madrugada dos Mortos' era para aumentar a tensão em certos momentos, quase nunca usado durante o filme inteiro.

Mas foi em 300 que ele achou um uso exato para a técnica, no caso para deixar viva as cenas pintadas por Frank Miller.


E em certas cenas ele usa para também tornar rítmica e multi-dimensional a própria arte grega em si, já que pinturas em vasos eram utilizados não só para enfeite, mas também para contar historias, qual foi transposto no filme na primeira batalha dos 300 contra os Persas, quando Leônidas derruba vários soldados em closes sem cortes.



Em Watchmen novamente a técnica é utilizada para dar vida a quadros e momentos icônicos da HQ, transpondo em sensações visuais aquilo que os olhos percorrem quando a gente vê as imagens.


Mas só foi em A Lenda dos Guardiões onde a técnica se uniu a ideias do roteiro. Se no caso estamos mostrando a trama do herói, num mundo onde as historias são passadas por via oral e especialmente por imagens, especialmente entre os mais jovens, os momentos em slow motion são usados como aqueles que serão repassados para as futuras gerações (e entre os espectadores) como os momentos marcantes daquela historia, como uma pintura explicando sobre um fato ou acontecimento.



Testemunhas da História

Algo comum nos filmes de Zack Snyder é que a trama não se passa em um momento qualquer, ou em um cenário isolado. Dentro daquele mundo, o que acontece são momentos históricos importantes, e seus personagens, se não fazem parte diretamente dos eventos como modificadores, acompanham tudo como espectadores.

No começo, temos o grupo de sobreviventes de Madrugada dos Mortos tendo como única comunicação com o que acontece fora do shopping via TV, e é a partir dela que eles se informam sobre como matar os zumbis, e os diferentes pontos de vista das pessoas e como isso os influência, do ponto de vista moral, religioso e político. As formas de comunicação são tão importantes que nos extras deste filme temos o vlog de Andy (Bruce Bohne) e num apanhado de um noticiado local para aumentar não só a sensação que aquilo é real, mas de fato explorar aquele mundo e transformar aquilo num documento histórico.


Pulando para Watchmen, numa época onde a propaganda viral aumentou e muito, temos não só amostras jornalísticas daquele mundo dentro e fora do filme, mas também uma noção de como aquela sociedade se comporta, seja com o game 8-bits dos Minuteman, seja com o site oficial das Industrias Veidt, ou do jornal New Frontier. Dentro de Watchmen (como filme), temos duas fontes de noticias: uma mais singela, pelos jornais (em papel ou televisivos) com informações sobre como a guerra anda, além de pequenas informações extras sobre a influências dos heróis naquele mundo, seja na entrevista de Veidt a revistas, ou livro/documentário Under The Hood e na cena de abertura. No caso, a banca de jornal de Bernie faz o papel dentro do filme de mostrar as reações do homem comum dos que os heróis fazem no dia a dia.


Em '300' e 'Lenda dos Guardiões', não temos TVs e jornais, mas livros e especialmente o papel de contadores de historias. Temos em Dilios (David Wenham) a responsabilidade de não só contar a historia para s tropas e o governo, mas também ser a voz de inspiração para que a vitória seja garantida.O bacana na HQ, e que foi bem mostrado bem no filme, é que por ser uma historia narrada para animar as tropas, você nunca sabe de fato o que é real e imaginário no filme, mas no momento que ela é contada e vivida/vista pelos guerreiros/publico, ela se torna real e oficial.


Pelo fato de 'A Lenda dos Guardiões', por se passar em um mundo medieval (e habitado por corujas) a maioria das historias são contadas de pai para filho,e utilizando muito desenhos e outras imagens visuais para isso. Ezylryb (Geoffrey Rush), que já foi herói de guerra e hoje em dia cuida da biblioteca histórica do mundo e da ordem dom qual pertence, é outro exemplo de personagem comunicador-modificador dentro dos filmes de Snyder.


Sua participação além de mestre e guerreiro, e também ser a prova viva daquela historia, que diferente de '300', quebra a expectativas não só do herói principal mas do publico quanto a veracidade dos fatos e a capacidade dele fazer as coisas descritas. No caso Ezylryb não só um representante daqueles acontecimentos, mas a ultima chama de um movimento com sobrevida, e vê nas novas gerações uma oportunidade de voltar aos tempos de glória.

Em ‘Sucker Punch’, vemos a ideia do personagem comunicador-modificador funcionar de maneira diferenciada. Vemos as personagens criarem mundos e situações em suas mentes que refletem o que acontece no mundo real, num esquema mais de storytelling baseados no formato de RPG. Mas no caso se fossemos apontar um mestre da mesa, este seria o Wise Man (Scott Glen), que introduz as regras e desafios daquele mundo. Tudo é contado do ponto de vista das garotas procurando refletir essas experiências em universos fantasiosos e/ou críticos, porque a verdade para elas é triste, sem graça e sem vida. Elas constroem sua própria mitologia, seu próprio mundo e a partir deles que elas constroem a estrada para sua própria liberdade, absorvendo e subvertendo valores masculinos para seu próprio beneficio, com influencias orientais de shojo mangas de ação e aventura.


Em Man of Steel vemos em primeira mão o mundo descobrir de maneira não esperada que não estamos sozinhos no universo. Lois Lane, intrépida repórter, está em mãos algo que, para muitos poderia ser mais um mito, se não fosse pelo fato dela ter testemunhado um alienígena ter aplicado suas habilidades, termos o contato direto de Kryptonianos, alienígenas, conosco. È nessa hora que o papel dela como storyteller se mostra, tendo assim uma serie de eventos sido desenvolvidos em paralelo a partir da decisão dela de não “destruir” a vida deste homem, Clark Kent, revelando seu segredo, assim como a exploração, tornando o olhar dela o olhar do publico, de fazer suas ações na vida adulta.


Outro personagem importante em ‘Man of Steel’ nesse ponto é Perry White (Laurence Fishburn), que no filme é o editor do Planeta Diário e dentro do esquema dos personagem comunicadores-modificadores ele tem um papel interessante. A função dele a principio é ser o editor de um jornal e agir como tal, mas acaba compartilhando as responsabilidades de Lois sobre o futuro da informação e age como consciência e figura mentora da jornalista. A medida que o filme avança, acontece algo interessante: ele se torna parte da história, testemunhando o ataque de Zod, a ascensão do Superman e especialmente sendo o exemplo vivo do impacto de um ataque desses, fazendo que na hora mais escura, o ser humano mostre o seu real valor, mostra o quão bom ele pode ser. No fim, ocorre o caso contrário de Ezylryb em ‘Guardiões’ e Dillios em’300’: se antes você era o portador da história, agora você faz parte dela.

O sacrifico dos heróis

Também uma presença constante nos filmes do cara é a presença do arquétipo de herói, seja ele usando collant ou não. No caso ele explorou varias facetas do que significa ser um herói,e dentro delas é apresentada algo que esses heróis tem que estar preparados: o sacrifício deles, ou dos outros, para um bem maior.

No caso de Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead) e sua mini sociedade forçada, os heróis principais são Ana (Sarah Polley) e Michael (Jake Webber), que dentro da mini-sociedade forçada que vivem, são os que tem a voz de comando ali dentro, entre egoístas, ignorantes e pessoas amedrontadas. Eles no caso são as vozes da razão, que busca fazer que cada um faça o necessário para sobreviver. No caso eles começam a ter um romance, no qual no momento de resgate Michael é mordido para que Ana e os poucos sobreviventes possam chegar até o mar, onde teoricamente a liberdade estaria presente.


No caso, para não se tornar aquilo que se enfrenta, Michael se mata, mas garante a salvação dos outros, assim como CJ (Michael Kelly) , que via na responsabilidade de segurança do Shopping de manter aquilo seguro para dar desculpa de seu próprio isolamento, e depois por questões de sobrevivência, finalmente começa a fazer seu trabalho pra valer, assim como Kenneth (Ving Rhames), o policial egoísta que ao compreender que existem coisas piores que a morte, passa a se tornar a pessoa de confiança do grupo, além de estrategista.


Heróis que se sacrificam ao extremo por um ideal também são apresentados em 300, mas diferente do homem comum que precisa ir além da suas capacidades. Os soldados de Esparta são treinados para fazerem e serem os melhores e morrer em batalha se possível, impedindo assim que o exercito de Xerxes (Rodrigo Santoro) avance as terras gregas e dando tempo até que a rainha Gorgo (Lena Headey) possa convencer seu governo a preparar o exercito e ir a guerra. Gorgo também é uma heroína dentro do filme, já que busca correr atrás daquilo que o governo de Esparta, manipulado por Theron (Dominic West), saia e faça do sacrifico de poucos a força de muitos.


Em Watchmen, baseado numa HQ que já vem com a ideia de desconstrução dos super heróis conhecidos, mostra os extremos e humaniza no os tipos de personagens que a anos nós acompanhamos. No caso do filme é interessante citar Ozymandias (Matthew Goode), onde muito de sua personalidade foi misturada a do Capitão Metropole, onde além de termos um homem com uma visão futurista para a humanidade, vendo possibilidades de um mundo livre da dependência do petróleo (e da centralização do poder), decide começar uma grande estratégia onde usa o praticamente Deus Dr Manhatthan (Billy Crudup) como aquilo que aos olhos do governo ele sempre foi: uma arma. Como o Comediante disse durante a reunião dos Watchmen, foi mostrando o horror da guerra nuclear aos humanos, mesmo ao custo de milhares de vidas, que Adrian Veidt e de certa maneira os super heróis, salvaram a humanidade, evidenciado pela parte quando a conversa entre Adrian e o Doutor acontece no fim do filme “Graças a você eu consegui salvar o mundo” e quando logo após ele fala” Nós conseguimos” a câmera muda de ângulo mostrando todos os heróis presentes, mostrando que no fim das contas o plano do cara se concretizou: os heróis salvaram o mundo .


Em A Lenda dos Guardiões, temos um exemplo de bom trabalho feito com a clássica “jornada do herói”, onde temos Soren (voz de Jim Sturgess), posto em uma situação onde ele é a única esperança do mundo onde vive, e que terá de encontrar os Guardiões de Ga’Hoole para ajudá-lo a enfrentar “os Puros”. Ele vai conhecendo outras aves pelo caminho que o ajudaram a formar sua equipe de batalha e todos com classificações bem definidas dentro dela.


Em Sucker Punch, temos Sweet Pea (Abbie Conish) e Babydoll (Emily Browning), de certa maneira a mesma personagem, e as duas assumindo o papel de heroína/protagonista. Babydoll acaba virando a irmã mais nova de Rocket (Jena Malone) por consideração (preenchendo o vazio de perder sua própria irmã). Rocket é a principal ligação com Sweet Pea, já que é sua irmã de sangue. A questão mora de elas, com personalidades tão parecidas, liderarem o grupo a caminho da liberdade, coisa que nem todas elas poderão chegar de modo feliz, afinal, a morte é também um sinal de libertação (vide ‘300’), e no caso de Babydoll, significa a vitória de fato, já que permitiu não somente Sweet Pea fugir do local, mas também, de um modo não só físico mas também emocional, impedir que Blue Jones a possua. Porém, é interessante ressaltar que não vemos o destino de Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jaimie Chung), podendo significar três coisas: a morte delas foi resultado das ações de Jones, por algum acidente causado da tentativa de escapar, ou na verdade elas estão vivas, e a morte significa a total perda de esperança delas saírem do hospício.


E a questão do sacrifico em ‘Sucker Punch’ fica mais explicita não somente no final, mas é carregada ao longo de toda a trama. Se Babydoll decide arriscar até a sua vida para salvar a sua irmã e a si de seu padrasto, acaba pagando o preço por falhar em sua missão e acidentalmente matar sua irmã. Já Sweet Pea, por amor incondicional a irmã, decide escapar junto com Rocket apenas para o intuito de protegê-la. Isso também toca em um dos pontos fundamentais do filme de que cada um é responsável pelo seu destino. A duras penas, Sweet Pea descobre isso, enquanto Babydoll, vê a liberdade que conscientemente ela nunca vai ter libertando Pea, e com seu próprio sacrifício ela não somente garante a vitória sobre o seu inimigo, mas de certo modo ajuda a sua igual.


Ironicamente, o último filme de Zack Snyder, Man of Steel’, foi o que teve a reação mais polêmica sobre o conceito de sacrifício. Mas antes de entrar na parte que todos falam, vamos começar falando sobre um dos heróis (reconhecidos como tal) no filme: Jor-El (Russell Crowe). Tentando desesperadamente salvar seu planeta do até ali definido vilão que é o General Zod e vilão involuntário que se torna o cenário político de Krypton, ele tem plena consciência dos riscos que corre, mas encara o desafio. Mesmo perecendo, vê seu objetivo dar certo, e seu filho, junto com todo o futuro de Krypton, serem carregados para o espaço. Um pequeno exemplo também deste sacrifício é quando Zod acha tecnologia kryptoniana em um planeta destruído por causa de (como deixa a entender) do ataque daqueles que seriam colonizados aos seus colonizadores, onde mora aí a forte critica aos Estados Unidos e suas ações ao Oriente Médio, mas acima de tudo, mostra que o plano de Zod estava fadado a falhar.


No caso eu já comentei sobre as polêmicas acerca disso antes, muitas vezes, mas vale fazer uma síntese: A história ali mostra dois pontos de vista: dependendo do lado que você está, tanto Zod quanto Superman são considerados heróis. Zod, após tentar e fracassar em salvar seu povo, enlouquece com todo ódio de uma existência agora vazia, e vai matar sem pestanejar toda criatura no planeta. Não há conversa com ele, não há adaptação em uma nova sociedade, o ultimato é dado de forma bem clara: ou você me mata, ou eu mato você e todos nesse planeta. E Superman é posto na posição de difícil escolha que todo herói passa: quem ele sacrifica ? Se matar Zod, ele extermina de vez os ultimo sobrevivente de seu planeta, se deixar a família morrer para (tentar) manter Zod vivo, ele iria ser duramente criticado por essa decisão. Mas e se Superman matasse Zod após ele matasse a família, ele seria menos criticado por isso ?


E o fator mais importante de tudo isso: Superman não gostou de ter feito isso. Há uma grande diferença em jurar que nunca irá fazer aquela coisa e ser exposto a uma situação que fazer aquela coisa é a única solução. Há impacto nele, naquele momento e no que vier depois. É tudo sobre, como Jor-El diz, atingir seus limites: não somente físicos, mas psicológicos. O fato de ter matado busca lidar que, mesmo com poderes de deus, Clark Kent ainda é um ser humano, e suas ações não são frias, calculistas e com uma visão de superioridade como General Zod.


É aí que mora a grande questão do filme, questões essas que alguns não compreendem por irem além das regras dos quadrinhos e de fato aplica não só a estética e temas do diretor assim como uma nova visão sobre tudo aquilo que é feito desde sempre com o personagem: você descobre que é um deus entre humanos, você vai agir de um jeito frio, tratando vidas como se fossem nada, ou você vai querer agir que nem um humano, que mesmo tendo conflitos com seu semelhante, vê-los morrer ainda lhe dói? Zod decidiu ser um deus frio, enquanto Clark percebe que como Clark Kent, personagem do qual ele é 24 horas por dia, com ou sem o colant azul, não pode tomar todas essas decisões sem ser afetado emocionalmente, justificando assim, não somente a existência do Superman, do símbolo, mas também do Clark Kent que vemos no Planeta Diário (uma nova identidade em cima de uma velha já existente): Ações de um Deus, coração de um humano. E nesse momento, em que as posições de quem é herói de quem se tornam claras: Zod é o vilão porque sacrificar vidas alheias, e até a sua própria, não significa nada perante o objetivo. Para Clark, tirar a vida de uma pessoa que seja, mesmo seu inimigo, dói, machuca. No fim, acaba sendo uma vitória para Clark, mas com um gosto amargo.

O gatilho da Apatia

Sabemos que os heróis de Zack Snyder estão destinados a fazer sacrifícios para que atinjam o seu ideal, mas qual é o ponto de partida, o que faz eles levantarem da cadeira e tomarem uma decisão sobre os problemas acerca deles? Por incrível que parece, é um sentimento bem mesquinho: a apatia. De acordo com o grande-e-poderoso Wikipedia, a apatia é “a falta de emoção, motivação ou entusiasmo. É um termo psicológico para um estado de indiferença, no qual um indivíduo não responde aos estímulos da vida emocional, social ou física.” Vemos isso primeiramente em ‘Dawn of the Dead’, que de fato a apatia vem do conforto que a convivência dentro do shopping, e da ilusão de que ainda é possível viver uma vida comum. Quando Andy começa lentamente a morrer, e o numero de zumbis começa a crescer ao ponto de não se poder ver mais a calçada, a verdade que eles não podem ficar mais lá chega, e se começa a tomar decisões para tentar salvar suas próprias vidas.


Em 300 temos o destino de muitos nas mãos dos poderosos. Leonidas, mesmo como Rei, tem que responder a uma serie de outros poderes políticos, alguns realmente apáticos sobre a invasão, achando que deve ser respeitado as tradições (mesmo que isso deixe aberto a possibilidade de invasão e conquista), além de alguns de seus membros terem sido comprados por suborno, atiçando as massas e os membros do governo para que não apoiem os seus reis para a entrada da guerra, nesse caso representado por Theron (Dominic West).


Em Watchmen, temos dois personagens que lidam com a apatia dos problemas do mundo: o Comediante e Roscharch. Se um procura ser uma paródia da violência e injustiças do mundo gerando uma reação que, mesmo que negativa, faça que a pessoa anteriormente apática force a revelar sua opinião, Roscharch é o personagem que força as pessoas saírem da zona de conforto, e de certo modo saírem da mesmice de suas vidas e procurar o que realmente desejam, e lutar contra aquilo que aos poucos se demonstra ser um fato: alguém está realmente matando super heróis por aí.


Em ‘Lenda dos Guardiões’, vemos o exemplo contrário até então: o perigo está presente, todos tem consciência disso, mas o que faz ser a exceção a regra é do fato de que Kludd (Ryan Kwaten) ter gerado uma simpatia pelo inimigo ao ponto de se tornar ele. A inveja de seu irmão, o distanciamento da família e seu instinto de sobrevivência, e dada a oportunidade dele se fortalecer dentro do exercito de Metalbeak o fizeram liberar seu lado maligno que esteve sempre presente, porém adormecido.


Em ‘Sucker Punch’, como BabyDoll e Sweet Pea são personagens siamesas, a opinião das duas inicialmente são dividas porém complementares, mas ambos tem o mesmo gancho para fazer elas seguirem com o plano: Rocket, a irmã de consideração de uma e irmã de sangue da outra. A partir da convivência com Rocket que Babydoll ganhou a sua primeira aliada para o plano de fuga, e foi a partir da insistência de Rocket que Sweet Pea decidiu ajudar a irmã, mesmo que internamente ela não queira mais se meter em problemas.


E finalmente chegando a ‘Man of Steel’, a apatia perante a destruição iminente do planeta faz que Jor-El e Zod tentarem mostrar aos regentes de seu planeta que ele de fato está prestes a explodir, cada um a sua maneira. Enquanto Jor-El procura lidar com a razão, Zod aplica um golpe de estado para forçar um ato sobre aquela situação. Na Terra, Clark tenta se manter distante de todas as situações que podem fazer ele revelar suas habilidades ao publico, mas simplesmente não consegue. Quando Zod invade o planeta com o ‘Black Zero’ e faz o ultimato de destruir o planeta caso Kal-El se entregue, mora a questão: vale realmente a pena salvar todas as pessoas que ele procurou se esconder durante a vida toda na Terra? E se ele se aliar a Zod, ele vai ter a morte de um planeta inteiro nas mãos, afim de tentar se fazer algo que já foi comprovado que não deu certo (colonização forçada).



O poder e reflexo dos casais


Zack Snyder, ao comentar sobre como é ter que trabalhar com a esposa, Debora Snyder, respondeu o seguinte:

“Minha mulher é minha melhor amiga, eu confio no gosto dela e de como ela comanda a trajetória.”

E depois, Deborah complementa:

“É meu trabalho fazer o ponto de vista dele acontecer, ajudá-lo a desenvolver o roteiro e ajudar a negociação entre estúdio e diretor. Meu trabalho é proteger Zack o máximo possível.”

Essas duas frases dizem muito sobre como os casais funcionam nos filmes do diretor. Há uma sinergia entre eles, onde um apoia o outro e faz o trabalho do outro fluir. Não há só o reconhecimento que ambos são dependentes, mas ambos tem virtudes que permitem crescer juntos para atingir o objetivo maior. Os exemplos de como isso se aplica a praticamente todos os filmes do Snyder são vários, e vamos analisar eles abaixo.

Temos primariamente em ‘Madrugada dos Mortos’, o casal principal formado por Ana e Michael. Ela, enfermeira, recém viúva por seu marido ter virado um zumbi, e ele, vendedor e falho como pai, marido e homem adulto. Os dois são as pessoas com mais juízo dentro do grupo, e por ambos terem a noção de que no fim das contas é concretizar aquilo que fazem/querem fazer no seu dia a dia em cima deste cenário apocalíptico, e no apoio de um ao outro ambos conseguem atingir seu objetivo, mesmo com atos externos interferindo no geral. Ana consegue salvar o maior numero de vidas possíveis, e Michael morre salvando o que lhe restou da sua ultima considerada família. Em contraponde, vemos a família de Andre (Mekhi Phifer) se deteriorar psicologicamente com sua esposa grávida,e consequentemente seu bebê, terem virado zumbis.


Em 300, vemos a rainha Gorgo (Lena Hedley) ganhar uma participação muito maior e de extrema importância para o desenvolvimento da trama em relação em sua contraparte nas HQs. Se seu marido Leônidas estava no campo de batalha protegendo as terras espartanas da invasão persa, Gorgo estava lidando com as politicagens e falcatruas para convencer seus políticos a levar seu povo a guerra contra um inimigo que já estava tão infiltrado na corrupção da cidade que já tinha comprado até os Ephors anciões. Se o fato de ser mulher pode lhe dar algumas desvantagens ao longo do caminho, ela sendo rainha e espartana mostra que pelo fato de ser mulher não necessariamente significa ser do sexo frágil, e isso é um dos grandes pontos tratados dentro da relação dos casais de Snyder.


Partindo deste principio vamos ver o papel de Laurie Jupiter (Malin Akeman) em ‘Watchmen’. Apesar da sua identidade como heroína, Espectral, tenha sido conhecida como uma heroína que se vende como produto, temos a sua filha, no caso, querendo ficar distante de tudo ligado ao passado: seja a imagem do legado que ela carrega da mãe, seja do fato dela ter sido uma heroína de fato. A relação dela com Dr Manhatthan (Billy Crudup) mostra exatamente isso: estagnada por ser o único elo humano dela, ela procura na nostalgia e na parte boa de suas lembranças de combate ao crime com Dan Dreigberg (Patrick Wilson), e nela acaba encontrando essa nova vida a levar ao lado de alguém que possa dar um futuro e um objeto em comum a ela. Porém o papel do Dr Manhatthan ainda é importante na construção da personagem pois fecha as pontas soltas da origem da personagem que ela se recusava a ligar, exatamente por medo não somente de impor si mesma perante os outros, mas especialmente admitir pra si mesma que o mundo e a vida são tem cores tão definidas como a de seu uniforme, e a cabe somente a ela mesmo a por um rumo a sua própria vida.


Utilizando ainda o aspectos dos casais para tratar as trajetórias do personagens, temos em Watchmen ainda por cima a relação entre Edward Blake (Jeffrey Dean-Morgan) e Sally Jupiter (Gina Carano). Apesar de não oficialmente serem um casados, eles também funcionam diretamente para a evolução e crescimento de Laurie como pessoa. A separação entre casais é utilizada para demonstram mudança do perfil e do mundo dos personagens, não só no caso da segunda Espectral, mas também no caso de Janey Slater (Laura Menell), que no caso a separação dela só não abre uma brecha para Ozymandias (Matthew Goode) aplicar seu plano no futuro, mas também demonstra o desligamento do Doutor de sua vida passada e focando sua atenção cada vez em menos pessoas até se desligar da humanidade de vez, tornando essa personagem um ciclo dentro da vida do personagem.


Em ‘A Lenda dos Guardiões’ e ‘Sucker Punch’, a figura dos casais funcionam de maneira parecida,: apesar de não terem uma relação a não ser pessoal, todos veem eles como duas partes complementares para o funcionamento daquela instituição, seja ela um exército para um nova sociedade ou um hospício, respectivamente. Porém se a diferença é que em ‘Lendas’ Nyra (Helen Mirren) tem certa simpatia pelo Metalbeak (Joel Edgerton) –não que necessariamente ele tenha sentimentos por ela, mas há o respeito- e ambos procurar servir um bem ideal, no caso de Sucker Punch é completamente ao contrário: se a Dra. Gorsky (Gina Carano) e Blue Jones (Oscar Issac) trabalham juntos para manter os hospício, uma ajuda as pacientes, enquanto o outro procura apenas explorá-las e ter seu lucro em cima disso, a Gorsky abomina Jones como pessoa.


Em ‘Man of Steel’, vemos a força do relacionamento já com Jor-El (Russell Crowe) e Lara (Ayelet Zurer). Ambos são cientistas , ambos veem a necessidade de fazer o que fazem, e numa cena que evoca ‘300’, Lara concluí a missão planejada por ela e seu marido, e por mais que doa ver seu filho partir, ela sabe que em algum lugar Krypton e seu filho sobreviveram. Na Terra, Jonathan (Kevin Costner) e Marta Kent (Diane Lane) se veem na responsabilidade de criar um alienigena no planeta Terra, passando nos momentos que todo jovem passa além das complicações do surgimento de seus poderes, mas especialmente, moldando esse jovem para que ele utilize seus poderes para o bem da sua nova casa, e não para si. Enquanto Zod e Faora tem uma relação estritamente militar, se assemelhando a relação Nyra/Metalbeak, a relação Clark/Lois procurar definir o que o agora adulto perdido Clark Kent fará de sua vida a partir da intervenção de Lois como agente modificador, e assim ao mesmo tempo construir o começo do relacionamento deles.


Projetos “Engavetados”

Digo engavetados entre aspas pois quem sabe um dia eles voltem a ser produzidos ...

Army of Dead: filme do qual ele escreveu , sobre um pai que quer salvar a filha que está numa Las Vegas dominadas por zumbis, acompanhados de bandidos que querem saquear a grana dos cassinos.

Heavy Metal: Adaptação da revista Cult de ficção cientifica, dirigirá uma das esquetes do filme, junto com gente do gabarito de David Fincher, Gore Verbinski , James Cameron e Riddley Scott.

Cobalt 60: outra adaptação de HQs, dessa vez uma historia underground de vingança e vigilantismo num mundo de mutações. Você pode saber mais sobre ela aqui.

The Illustrated Man: readaptação das micro-historias sobre o icônico personagem do escritor Ray Bradbury, criador de clássicos como As Crônicas Marcianas e Fahrenheit 451.

The Last Photograph: baseado na trama criado por Zack Snyder, fala sobre dois homens e o fotografo que os resgatou durante o Afeganistão infestado pela guerra. Christian Bale e Sean Penn estavam cotados pros papéis principais.

Illusions-The Adventures of a Reluctant Messiah : baseado no livro de Richard Bach. Usado como metáfora pelo escritor pelo sucesso que fazia,a historia mostra dois homens que se encontram no meio do deserto e começam a discutir e relembrar o que eles fazem de suas vidas e de como as mentiras do mundo servem para nos reconfortar(ou algo do tipo).

Espero que vocês tenham curtido a matéria, e esperem em breve o nosso próximo editorial!

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