segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Review: 'Batman: Terra Um'

Escrito por Diogo Oliveira.


Batman é um dos personagens mais versáteis da cultura pop. Não é uma unanimidade, por exemplo, Sherlock Holmes também tem varias interpretações ao longo do tempo, algumas feitas até ao mesmo tempo.E em tempos de um novo Batman na sequencia de 'Man of Steel', 'Beware the Batman', Novos 52, Batman Arkham, e por aí vai, porque procurar reinventar a roda e recontar novamente as origens do personagem? Clique abaixo e tente saber se a revista da qual será discutida consegue responder essa pergunta.

Antes de mais nada, vamos comentar a história: o candidato a prefeito Thomas Wayne, e sua esposa, Martha, são assassinados na frente de sue jovem filho Bruce Wayne. Recém chegado na cidade, exatamente para proteger seu amigo das ameaças de morte que ele havia sofrido, o ex-fuzileiro Alfred Pennyworth acaba virando o mordomo (e mentor legal) do jovem Bruce. Quando crescido, a partir de uma experiencia na adolescência da qual o marcou para sempre, ele cria a identidade do Batman, e procura levar os assassinos de seus pais a justiça, mesmo que ele não tenha a experiência e o conhecimento suficientes para sobreviver o maior tempo possivel.


A grande verdade, mostrada muito bem nesta graphic novel da linha 'Earth One', feita pela dupla Geoff Jonhs e Gary Fran, são as infinitas possibilidades de explorar um personagem com a bagagem que o Batman tem e o que de novo pode surgir para as futuras gerações. É completamente reconhecível tudo ali, assim como os caminhos que vão seguir, mas a graça mora no twist das situações. É o Batman que você conhece, mas de um jeito diferente. É a Gotham que você conhece, mas de um jeito diferente. Você reconhece coisas ali da serie dos anos 60, de 'Batman' do Tim Burton, do Ano Um do Miller, mas tudo de uma maneira que certamente as próximas gerações poderão se utilizar para contar a história que eles querem.


Mas tudo isso de uma maneira que soasse como algo novo, muito diferente do trabalho da dupla feita em 'Superman: Origem Secreta', que era basicamente uma colagem dos elementos que o Geoff Jonhs curtia do personagem. Aqui de fato, ele trás os elementos e evoca muito das coisas que ele de fato curtia para mostrar o Batman de maneira mais crua já vista. Não há isolamento ao redor do mundo, treinamentos no Himalaia, nem nada disso. Há apenas um treinamento militar do Alfred, tecnologia bastante rustica e ódio, muito ódio. 

Ódio pro se sentir culpado pelo que fez, por se sentir impotente, por achar que isso pode enlouquece-lo, e especialmente por não ter visto a justiça sendo feita. E Alfred procura ser o guia de alguem que tem muito potencial, sendo que o próprio até certo ponto não enxerga nisso em Bruce pelo tipo de vida que ele viveu boa parte de sua vida, mas no momento que, como filho e soldado ele tem como atingir o propósito posto, ela fica e se torna o mentor que o Batman tanto precisa. E o fato de ser um cruzamento entre Sam Elliot e Jonh Hurt, além de ter enfatizado o lado fuzileiro naval do personagem, se tornou, ouso dizer, a melhor versão do Alfred de todos os tempos.

Gotham em si é um personagem, é uma força obscura que corrompe, cerca e modifica as pessoas ao seu redor. A questão é: como você vai agir perante ela? Até quando você, como pessoa, consegue suportar viver no medo e na impunidade deste local? Gotham, construída pelos Arkham, e assim como seu antigo Asilo, é um grande labirinto, um grande teste para a sanidade das pessoas. Algumas passam, ou dominam o pesadelo ao redor, e outras perecem no meio da loucura. 


Gordon e Bullock são aqueles que mostram melhor como a cidade age sobre sua população. Se Gordon sai da sua falha zona de segurança construída por ele para proteger sua filha, e de fato se tornar uma força de mudança na cidade, Bullock, acostumado com as amenidades de Los Angeles, quando descobre o verdadeiro potencial do horror da cidade, decide apagar isso das suas lembranças a base do álcool. Mas Gotham também tem pessoas que tentar ser boas e fazer o bem, como Barbara Gordon, que é para James o único motivo dele estar e se sentir vivo (e que também abre antecedentes dela ajudar o pai, de uma maneira digamos não habitual), e Lucius Fox, que trabalha na empresa hospitalar e farmacêutica dos Wayne, uma mudança bem surpreendente, apesar de obvia - e ponto por Jonhs por ter enxergado isso. Ainda acho que, com as atividades de vigilante aumentando, há possibilidades de mudanças no rumo da empresa, com um foco mais tecnológico e bélico, digamos (mas é só suposição minha).

O destaque também fica pro prefeito Oswald Cobblepot, o monstro que se disfarça de pessoa respeitável, e que foi o mandante do assassinato dos Wayne, mesmo que no final Gotham tenha demonstrado sua influência maligna, fazendo que o assassino de fato fosse um zé ninguem sem ligação com o Pinguim. Oswald é astuto, politico em suas ações e podendo ser extremamente cruel. Gotham é a gaiola onde ele mantem as pessoas presos a sua vontade, podendo liberá-los ou ver o mundo a sua volta ruir sem poder fazer nada, sentimento esse que se complementa com que Bruce Wayne sente. E o seu final desde já se tornou uma das cenas icônicas modernas do Bat-canon.


Como eu disse por aqui, um personagem tão multi-facetado como o Batman vai ter inúmeras versões, não tem como fugir disso. Não tem como uma pessoa sozinha falar sobre tudo que aquele personagem pode fazer, do nada. 'Terra Um' é só mais uma ótima peça do grande quebra cabeça que está montando aquilo que de fato vai ser a visão do personagem nos próximos anos. Coisas como a Trilogia do Cavaleiro das Trevas, 'All Star Superman' e 'Man of Steel' são ótimas consequências do que estava sendo feito antes nos quadrinhos, e com a sua sequencia vindo, é certo que 'Batman Earth One', vai ser uma das HQs marcantes para a construção e analise do personagem num futuro próximo, assim como as histórias desta linha em geral. Vimos o homem virar morcego, e agora vamos ver o morcego virar lenda.


NOTA: 8.5

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